20/08 – O Parlamento ucraniano aprovou uma lei controversa que visa banir a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC, na sigla em inglês), tradicionalmente ligada ao Patriarcado de Moscou. A medida, que obteve o apoio de 265 legisladores, foi apresentada como parte dos esforços do governo para eliminar a influência russa no país, em meio à guerra em curso desde fevereiro de 2022. O presidente Volodymyr Zelensky destacou a nova legislação como um passo crucial em direção à “independência espiritual” da Ucrânia.
A lei proíbe a operação da UOC em território ucraniano e estabelece que uma comissão governamental será responsável por listar as organizações “afiliadas” cujas atividades também serão banidas. O governo acusa a UOC de abrigar espiões russos e apoiar ativamente a guerra, o que justificaria a medida.
Críticas e Reações Internacionais
A decisão tem sido fortemente criticada por diversos grupos e entidades. Críticos denunciam a ação como uma violação sem precedentes da liberdade religiosa na Ucrânia. Robert Amsterdam, advogado internacional que representa a UOC, classificou a nova legislação como “limpeza religiosa” e prometeu lutar contra a medida em todas as instâncias legais internacionais disponíveis. “Estamos diante de uma perseguição religiosa em massa, e continuaremos a defender nosso cliente e seus fiéis contra essa injustiça”, afirmou Amsterdam.
A Igreja Ortodoxa Russa, que não reconhece a independência da UOC, condenou veementemente a decisão. O porta-voz Vladimir Legoyda alertou para o risco de violência em massa contra milhões de fiéis que ainda seguem a UOC na Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, através de sua porta-voz Maria Zakharova, acusou o governo ucraniano de tentar “destruir a verdadeira ortodoxia” e forçar a criação de uma “quasi-igreja” estatal. Segundo Zakharova, a ação é uma tentativa de suprimir a fé dos ucranianos ligados à Igreja Ortodoxa Russa.
Impacto e Próximos Passos
A medida faz parte de um movimento mais amplo de desmantelamento de símbolos russos na Ucrânia, que começou antes do conflito e se intensificou com a guerra. A lei agora aguarda a implementação, o que poderá gerar tensões ainda maiores entre a Ucrânia e a Rússia, além de exacerbar as divisões internas no país.
A situação continuará sendo monitorada de perto, especialmente devido às implicações internacionais e ao potencial impacto nos direitos humanos e na liberdade religiosa na região.
(Com agências).