19/08 – O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, fez um apelo nesta segunda-feira (19) a Israel e ao Hamas para que não atrapalhem as negociações em curso para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, após mais de dez meses de conflito. Blinken descreveu este momento como “decisivo” e talvez a última oportunidade de trazer os reféns de volta para casa e alcançar uma trégua.
Durante uma reunião em Tel Aviv com o presidente israelense, Isaac Herzog, Blinken enfatizou a importância de evitar qualquer ação que possa comprometer as negociações lideradas pelos Estados Unidos, Egito e Catar. Ele destacou a necessidade de impedir uma escalada do conflito, que poderia se espalhar para outras regiões ou aumentar sua intensidade.
Blinken, que chegou a Israel no domingo (18), também deve se encontrar com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em mais uma tentativa de mediar um acordo. Esta é a mais recente visita do chefe da diplomacia americana à região desde o início do conflito, desencadeado pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.
Após suas reuniões em Israel, Blinken seguirá para o Cairo na terça-feira (20), onde os mediadores planejam retomar as discussões. O presidente Isaac Herzog, cuja função é principalmente cerimonial, reiterou o desejo dos israelenses de que os reféns sequestrados pelo Hamas sejam libertados o mais rápido possível.
O líder da oposição israelense, Yair Lapid, interpretou as declarações de Blinken como um apelo direto a Netanyahu, instando-o a não perder a oportunidade de garantir o retorno dos reféns. Lapid criticou a abordagem do governo, afirmando que Netanyahu abandonou os reféns e que é seu dever trazê-los de volta.
No entanto, as negociações enfrentam desafios significativos. No domingo, Netanyahu apelou para que a pressão fosse direcionada ao Hamas, acusando o movimento palestino de se recusar a concluir um acordo. Em resposta, o Hamas acusou Netanyahu de obstruir os esforços dos mediadores e desrespeitar as vidas dos reféns.
Apesar das dificuldades, o presidente americano Joe Biden afirmou que uma trégua em Gaza ainda é possível e garantiu que os Estados Unidos continuam empenhados em alcançar um cessar-fogo. Washington recentemente aprovou uma venda de armas a Israel no valor de U$ 20 bilhões (R$ 109 bilhões) e apresentou uma nova proposta de compromisso durante as negociações em Doha.
No entanto, o Hamas rejeitou a proposta, argumentando que ela favorece as condições estabelecidas por Netanyahu, especialmente a recusa de um cessar-fogo permanente e a retirada total das tropas israelenses da Faixa de Gaza. O movimento palestino exige a implementação de um plano anunciado em maio por Biden, que prevê uma trégua inicial de seis semanas e a libertação dos reféns, seguida por uma retirada completa das tropas israelenses de Gaza.
Enquanto isso, Netanyahu continua firme em sua posição de que a guerra só terminará com a destruição do Hamas, que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. Washington teme que a continuidade do conflito possa desencadear um ataque do Irã e de seus aliados contra Israel, especialmente após as recentes mortes de líderes do Hamas e do Hezbollah, atribuídas a Israel.