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19/03 – A síndrome de Down, também conhecida como trissomia do cromossomo 21, é uma condição genética que ocorre em aproximadamente 1 a cada 700 nascimentos no Brasil, o que representa cerca de 270 mil pessoas vivendo com a síndrome no país. Caracterizada pela presença de um cromossomo extra, a síndrome pode estar associada a condições de saúde específicas, como cardiopatias congênitas, hipotonia muscular (diminuição do tônus muscular), alterações na função da tireóide e maior suscetibilidade a infecções respiratórias, além de impactar o desenvolvimento motor e cognitivo. Por isso, os cuidados de saúde desde o nascimento devem ser planejados com atenção e suporte multidisciplinar, garantindo que o bebê tenha o acompanhamento adequado em cada fase do crescimento.
O pediatra Claudio Ortega, de Niterói, destaca que o primeiro ano de vida é determinante para garantir a saúde e o desenvolvimento adequado da criança com síndrome de Down. Segundo ele, o acompanhamento precisa ser ainda mais atento, com foco tanto na prevenção quanto na intervenção precoce.
Atenção redobrada desde os primeiros dias
De acordo com o Dr. Claudio Ortega, bebês com síndrome de Down apresentam maior risco para algumas condições clínicas que precisam ser monitoradas desde o início da vida. “É fundamental investigar a presença de cardiopatias congênitas, que são comuns em crianças com Down, além de avaliar a função da tireóide, que pode apresentar alterações logo nos primeiros meses”, explica o pediatra.
Já na maternidade, são indicados exames como ecocardiograma, ultrassonografia abdominal e avaliações oftalmológicas e auditivas. “Esses cuidados iniciais ajudam a identificar possíveis problemas e antecipar os tratamentos necessários, garantindo melhor qualidade de vida”, orienta.
Vacinação como prioridade
Outro ponto de atenção destacado pelo pediatra é a imunização. “Crianças com síndrome de Down podem ter uma imunidade um pouco mais baixa e, por isso, precisamos manter o calendário vacinal rigorosamente em dia, com atenção especial para vacinas contra infecções respiratórias, como a gripe e o pneumococo”, afirma Ortega.
Em algumas situações, também pode ser indicada a aplicação da imunização contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que ajuda a proteger contra quadros graves de bronquiolite, principalmente nos primeiros anos de vida.
Suporte multidisciplinar para o desenvolvimento
Além do acompanhamento pediátrico regular, Ortega destaca a importância de envolver outros profissionais de saúde no cuidado diário da criança. “É muito importante que, ainda nos primeiros meses, a família tenha apoio de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, que vão atuar em questões motoras, respiratórias e alimentares”, orienta.
Essas intervenções precoces ajudam no fortalecimento muscular, no estímulo aos marcos motores e no avanço da fala e da deglutição. “Os resultados são muito mais expressivos quando começamos cedo, antes mesmo de surgirem dificuldades mais evidentes”, reforça.
Rastreamento contínuo de saúde
O Dr. Claudio também chama atenção para a necessidade de um calendário específico de rastreios ao longo da infância. Entre os exames que precisam ser repetidos periodicamente estão:
Avaliação cardiológica anual;
Exames de função tireoidiana a cada 6 meses até os 3 anos e depois anualmente;
Acompanhamento oftalmológico e auditivo regular;
Monitoramento do crescimento e do ganho de peso, com curvas adaptadas para síndrome de Down.
Saúde emocional e social também importam
Por fim, Ortega lembra que o cuidado com a saúde vai além do físico. “Além da saúde clínica, precisamos cuidar do bem-estar emocional da criança e da família, garantindo espaços de inclusão e convivência social desde cedo”, destaca.
Com informação, apoio multiprofissional e acompanhamento médico contínuo, bebês e crianças com síndrome de Down podem ter uma infância saudável, ativa e feliz, com todas as oportunidades para alcançar seu potencial máximo.