Dirigentes da LFI denunciam possível “golpe institucional” em alerta solene contra Macron

18/08 – Num texto contundente publicado pelo jornal La Tribune Dimanche, os líderes da França Insubmissa (LFI), incluindo Jean-Luc Mélenchon, Manuel Bompard e Mathilde Panot, emitiram um “alerta solene” contra o presidente Emmanuel Macron. Eles criticaram a recusa do chefe de Estado em “aceitar” o resultado das eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho, que colocaram a Nova Frente Popular (NFP) na liderança, superando a maioria presidencial e o partido de extrema-direita Reunião Nacional.

Em uma entrevista concedida em 23 de julho à France Télévisions e à Radio France, Macron descartou a possibilidade de nomear Lucie Castets, da NFP, como primeira-ministra. Ele questionou a viabilidade de uma maioria no Parlamento, afirmando ser “errado dizer” que a NFP detém a maioria.

A situação política se intensificou na última sexta-feira, quando o Palácio do Eliseu anunciou que Macron convidou líderes partidários para consultas em 23 de agosto. Essas consultas visam formar uma maioria “mais ampla e estável” antes da nomeação de um novo primeiro-ministro, o que levantou preocupações sobre um possível desrespeito ao resultado das eleições.

Os líderes da LFI, em seu artigo, acusaram Macron de estar prestes a nomear um chefe de governo sem considerar os resultados das eleições legislativas, o que, segundo eles, seria uma decisão sem precedentes em regimes parlamentares e na democracia representativa. Eles denunciaram essa possibilidade como um “golpe institucional contra a democracia” e prometeram utilizar “todos os meios constitucionais” para impedir o que consideram uma afronta ao voto popular.

O Partido Socialista, integrante da coligação de esquerda NFP, adotou uma posição mais cautelosa, distanciando-se da postura da LFI. Olivier Faure, primeiro secretário do partido, afirmou que a iniciativa “envolve apenas” os membros da LFI. Ele destacou que a resposta adequada à nomeação de um primeiro-ministro que não respeite a tradição republicana seria uma moção de censura, embora tenha reconhecido que a destituição de Macron seja inviável.

Impeachment na França

Na França, o processo de destituição do presidente é regulado pelo artigo 68 da Constituição, que estabelece que o presidente só pode ser removido em caso de “incumprimento de funções manifestamente incompatíveis com o exercício do seu mandato”. Esse procedimento exige que o Parlamento se constitua como um Tribunal Superior, e sua aprovação requer uma maioria de dois terços tanto na Assembleia Nacional quanto no Senado. O Tribunal Superior tem então um mês para decidir sobre a demissão, que também precisa de uma maioria de dois terços para ser efetivada.

A situação política na França está em um ponto crítico, com os desdobramentos das próximas semanas sendo decisivos para o futuro do governo de Macron e a estabilidade da democracia francesa.

Related posts

Prefeitura inicia obras de revitalização de acessos em 14 comunidades de Niterói

Polícia realiza Operação Integrada em São Francisco, Niterói

Incubadora de Cultura promove palestra sobre mercado audiovisual com a Rio2C