Pelas memórias de uma vida

Pelas memórias de uma vida

É urgente lançarmos o olhar também para os idosos que estão em abrigos, com a roupa do corpo e uma aposentadoria insuficiente, quando muito

O Asilo Padre Cacique chegou a enfrentar escassez de mantimentos, mas uma grande corrente do bem se formou para ajudar na superação desse desafio

Em meio a essa catástrofe, o grande destaque é a solidariedade: o povo pelo povo, como estamos vivenciando nas cidades alagadas. Exemplos não faltam, e não apenas do gaúcho, mas do catarinense, paranaense, paulista, mineiro, carioca. O brasileiro, de Norte a Sul, tem se mobilizado para doações e para trabalho. Para comida e para acolhimento. Todos ainda mantêm o foco na tragédia — o que é óbvio e totalmente compreensível. Mas a reconstrução nos espera, logo adiante. Por isso, é preciso planejar o futuro desde já. E isso envolve pensar em todos, sem exceção. É urgente lançarmos o olhar também para as pessoas de 60, 70, 80 anos de idade que estão em abrigos, com a roupa do corpo e uma aposentadoria insuficiente, quando muito. Restaram, para eles, as memórias de uma vida. Os traumas de uma calamidade. E a incerteza do amanhã.

Essa população, que é maioria no nosso estado, vive dias de poucas perspectivas, tanto financeiras como emocionais. Em virtude da idade avançada, financiamentos e empréstimos a essa faixa da população devem ter sua liberação dificultada, infelizmente. O cenário é ainda mais desafiador quando percebemos que diversas instituições onde eles moram foram devastadas pela calamidade — ou estão precisando de apoio para se manterem abertas. A iniciativa privada está contribuindo e buscando fazer a sua parte. Para citar um exemplo emblemático: o Asilo Padre Cacique, instituição centenária reconhecida pelo carinho e cuidado com seus moradores, chegou a enfrentar escassez de mantimentos. Mas uma grande corrente do bem se formou para ajudar na superação desse desafio.

Que sigamos assim! Todos somos chamados a contribuir e dar suporte à reconstrução das vidas dessas pessoas e das instituições que atendem e lidam com a longevidade e o envelhecimento. Olhando para o próximo, vamos incentivar a solidariedade. As enchentes deixaram para trás um rastro de destruição. Mas, também, nos evidenciaram a bondade transformadora que está no coração da maioria de nós.

*Gerente de marketing da ABF Developments

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