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Relações Brasil-China: o futuro imediato

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Tudo indica que o ano 50 das relações diplomáticas entre os dois países terá fortes emoções

Seguimos vendendo soja em primeiro lugar para os chineses

Quando noticiaram, em 15 de agosto de 1974, que o Brasil e a China haviam estabelecido relações diplomáticas, muita gente bem informada não acreditou, outros não entenderam e uma minoria fardada se revoltou. Lembro-me do espanto de algumas pessoas que buscavam as razões para a decisão do general-presidente Geisel, então no comando da ditadura militar. Em 1974, a China estava no final da polêmica “Revolução Cultural” e o Brasil havia saído do “milagre econômico” do período 1970-73 e entrado na espiral inflacionária – na qual permaneceu nos 20 anos seguintes. A necessidade de divisas estrangeiras para pagar a dívida externa do Brasil, resultante do “milagre”, e a crise econômica causada pelos “petrodólares” em 1973, obrigaram o governo brasileiro a ser pragmático e buscar o mercado chinês de minério de ferro e soja.

Existem poucos balanços publicados dos primeiros 40 anos, inclusive com a perspectiva de futuro das relações bilaterais, e certamente os 50 anos merecem muito mais análises. Tudo indica que o ano 50 das relações diplomáticas entre os dois países terá fortes emoções, a começar pelo recorde do comércio bilateral em 2023, US$ 157 bilhões, dos quais US$ 51 bilhões de saldo positivo para o Brasil, que exportou US$ 104 bilhões para a China. Seguimos vendendo soja em primeiro lugar, agora o petróleo em segundo, e o minério de ferro terceiro, mais carne bovina e celulose. Esses cinco produtos dominam a pauta de exportações. O real significado desses valores do comércio com a China é melhor percebido se comparados com os do início do Século 21, e com os do comércio com os Estados Unidos e a União Europeia.

Entramos em 2024 com intensa publicidade na TV dos veículos elétricos da BYD (instalada em Camaçari, na Bahia, no início de outubro), e as notícias da construção da ponte Salvador-Itaparica por empresas chinesas, da subsidiária da Petrobrás em Beijing, e que a malha ferroviária da China tem hoje 155 mil quilômetros, constituindo-se na maior rede de alta velocidade e de vias expressas do mundo, atingindo 95% das cidades com população superior a 200 mil habitantes. Qual estratégia o Brasil adotará na relação com a China, para viabilizar a tão prometida retomada da industrialização? Analisando-se o que foi publicado até agora, do governo federal e da Confederação Nacional da Indústria, e tomando-se como parâmetro a China, chega-se à terrível conclusão de que não chegaremos lá, porque sem reduzir significativamente os custos de transportes não teremos competividade internacional, e sem ela a neoindustrialização irá para o vinagre – e isso quem afirma há muitos anos é a própria CNI, no seu estudo sobre competitividade que publica anualmente, comparando a indústria do Brasil e de mais 17 países.

Ou o Brasil começa a fazer como a China fez nos últimos 40 anos – e ainda faz – e investe em ferrovias, transporte fluvial e marítimo, dutos e aéreo regional, ou todos os planos apresentados não nos permitirão concorrer com os produtos de países competitivos, principalmente a China. Já que decisões desse porte costumam demorar décadas no Brasil (vide a reforma tributária), me contentarei com algo bem mais modesto, nas comemorações dos 50 anos: o fim da exigência recíproca de visto entre os dois países. Assim os governos da China e do Brasil farão como já fazem Coreia do Sul, França, Alemanha e tantos outros países desenvolvidos.

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