Thalita Rebouças, Igor Pires e Felipe Fagundes participam de papo aberto com plateia no quarto dia da Flim

05/11 – Com a arena de debates lotada por crianças, jovens e adultos, o quarto dia da 9ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), na orla do Parque Nanci, reuniu na segunda-feira (04/11) os escritores Thalita Rebouças, Igor Pires e Felipe Fagundes para um papo aberto com o público. Com mediação do ator Tuca Andrada, os escritores falaram sobre suas obras que trazem bom-humor para tratar de assuntos do cotidiano dos jovens.

Thalita Rebouças, autora de livros direcionados ao público infantojuvenil e que já vendeu mais de 2,3 milhões de exemplares, disse que começou a escrever personagens com idades entre 18 e 25 anos, mas acabou atendendo a um público entre 8 e 12 anos e a partir daí passou a criar histórias para esta faixa etária.

“Escrevia sobre temas pesados como traição e brigas com palavras duras. Mas quando vi que esse público que gostava de mim e se reconhecia na minha escrita passei a contar histórias para eles, como ‘Tudo por um pop estar’ e depois veio o ‘Fala sério, mãe!’. Foi uma estratégia mesmo e está dando certo até agora”, contou Thalita.

Prestes a completar 50 anos, a escritora também falou sobre o novo público: mulheres acima de 40 anos que se identificaram com o livro “Felicidade inegociável e outras rimas”, onde escreve para essas pessoas que, assim como ela, se encontram em uma fase mais madura da vida e trata de temas sobre menopausa, separação, a decisão de não ter filhos e a paz com o corpo e pessoa que se tornou.

“Fui tirando o medo das mulheres e falando pra mim mesma”, pontuou Thalita, que também citou a influência e todo apoio que teve de Ziraldo, homenageado nesta edição da Flim. “Eu fui uma menina maluquinha e ele foi um dos grandes caras da minha infância, da minha trajetória que me pegou no braço e falou: ’vem cá porque você está comigo’. Sou muito grata à velha guarda que me adotou”, completou.

Bom humor para narrar dramas da sociedade

Autor do livro “Gay de Família”, Felipe Fagundes retrata em histórias bem-humoradas os dramas disfarçados, mostrando personagens LGBT+ adultos, que já saíram da escola e agora precisam ganhar o mundo. No debate, ele ressaltou que sua obra “conversa com as pessoas”.

“Os próprios leitores apontam trechos do livro que se identificam e isso é muito legal. A história é de um tio gay que se transforma em babá de três sobrinhos e tem que lidar com essas crianças. Ainda existe um tabu que pessoas LGBT+ não podem estar no mesmo lugar que crianças e não podem dizer para elas que são gays. É algo que não faz nenhum sentido porque essas pessoas constroem famílias, cuidam dos filhos, trabalham com crianças, tem professores, médicos, enfim uma imensidão de pessoas que não eram retratadas na literatura e a minha pegada é contar essas vivências”, disse Felipe.

Conhecido pelo best-seller “Textos Cruéis Demais Para Serem Lidos Rapidamente” – em que narra suas experiências de vida do dia-a-dia de um homem negro e LGBT que cresceu na periferia de Guarulhos, em São Paulo –, Igor Pires afirmou que o hábito da leitura entre os jovens tem crescido muito.

“Trato de questões que estão muito latentes na vida dos adolescentes. Eles têm muitas perguntas e poucas respostas. Nos eventos que participo, os adolescentes falam que eu consegui materializar assuntos nos livros que eles não conseguiam. Muitas vezes o jovem é subentendido e subcategorizado onde é colocado como rebelde, confuso e que não sabe o que quer. Pelo menos os meus leitores sabem o que querem e então fico muito feliz em escrever para essas pessoas”, acrescentou Igor.

Representante de Maricá na roda de conversa, a ex-presidente do Movimento Popular da Juventude (MPJ), Andressa Santos, disse que o hábito da leitura nasceu a partir dos livros que a filha de 14 anos gosta de ler e ressaltou a importância de espaços com a Flim para acesso à cultura.

“A minha filha começa a se interessar pela leitura a partir da Flim. A Thalita é a escritora preferida da minha filha. É muito importante a gente ter pessoas, como o Igor e o Felipe também, que pensam como os jovens queriam ser enxergados e entendidos”, comentou.

Após a roda de conversa, os escritores receberam os fãs para fotos e sessão de autógrafos.

Em seguida, o cantor local Paul Rock subiu ao palco Collab trazendo um toque especial e vibrante ao evento com homenagem a Raul Seixas. Com seu estilo único, a banda conseguiu envolver o público em uma experiência cultural da MPB. A Banda Cult encerrou a programação do dia com sucessos de Rita Lee.

Flimzinha

Na parte da manhã, o público infantil conheceu o projeto Estações Literárias, que tem como missão enriquecer a vida das crianças por meio da leitura, acessibilidade e diversidade, visando inspirar os pequenos leitores a descobrir o mundo da leitura de maneira cativante e enriquecedora, promovendo o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) de forma lúdica.

À tarde, Samba Menino guiou o público infantil pelo universo do samba, desde os tempos de seus pioneiros até as expressões modernas do gênero, com músicas, contação de histórias e personagens encantadores. A apresentação trouxe histórias que ilustram a origem do samba, os instrumentos característicos e os mestres que marcaram gerações.

A Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) acontece na orla do Parque Nanci e vai até o dia 10 de novembro. Para acompanhar a programação completa e as atividades em tempo real, acesse as redes sociais da Flim (@flimrj) e da Prefeitura de Maricá (@prefeiturademarica) ou o site: www.flimmarica.com.br.

 fotos: Clarildo Menezes e Gabriel Ferreira

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